quinta-feira, 26 de junho de 2014

Um novo encontro das Carolinas

Realizamos no dia 20 deste mês de Outubro um novo encontro das Carolinas no Porto. Que maravilhosa ideia tiveram as nossas colegas que se lembraram de iniciar este processo dinamizando, trabalhando e mobilizando todas as colegas  que puderam unindo aquilo que tinha ficado armazenado desde há  muito numa juventude cheia de sonhos.
Este ano fazia exactamente sessenta que entramos para o 1º Ano do Liceu Carolina Michaelis. Pequenas, tímidas, ainda mal preparadas para enfrentar os novos desafios que a vida nos preparava. Aquela escadaria enorme que algumas de nós tínham que enfrentar todas as manhãs, dáva-nos uma visão gigantesca daquele edifício novo que nos primeiros dias tanto nos assustava.
Agora, embora o edifício se mantenha muito idêntico àquele que nós frequentamos, já não nos atemoriza! Dá-nos prazer, já conseguimos olhá-lo com um mundo de recordações que na sua maioria só ficaram as brincadeiras do recreio, as picardias que dissimuladamente pregavamos a algumas professoras mais distraídas, a admiração, respeito e sentimentos de carinho profundo por algumas que nos marcaram definitivamente! Só falo em elementos do sexo feminino, pois como qualquer escola oficial o Liceu Carolina Michaelis era feminino e nele o único homem que por lá andava era o jardineiro!
Por todas estas razões, entendeu-se que este ano devia ser festejado de modo muito especial fazendo uma visita àquela casa onde vivemos a maior parte do tempo durante sete anos antes de reiniciar uma nova etapa de uma vida diferente para cada uma de nós.
Tivemos o melhor início de dia que poderíamos imaginar: fomos fazer uma visita ao nosso Liceu apoiada pelo director do Agrupamento e gentilmente acompanhada por duas simpáticas jovens professoras que talvez pouco habituadas a romagens daquele tipo, ficaram encantadas com o nosso comportamento, compreendendo o estado de espírito apresentado pela alegria que mostrávamos ao rever aqueles corredores que ainda conhecíamos tão bem.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Regresso em força!

Voltei à Ribalta com a força da música do Gilbert Bécaud vinda através de um equipamento quase pré-histórico e em disco de vinil!!
Et maintenant...??? Porque voltei? Não deixei de escrever, apenas sacrifiquei o blogue, mas tenho escrito muito noutras paragens.

Estou a passar uns dias sozinha na aldeia e os sonhos voltaram a surgir sem pedir licença! 
Passei quase três semanas na praia e já estava cansada do movimento. Nasci junto ao mar e na minha juventude ainda se faziam quase três meses de praia. Sempre gostei muito do mar, de furar as ondas como costumávamos dizer e com água fria que até fazia doer os ossos. Sabia bem depois de estar cansada de jogar voley-ball! Aprendi cedo a nadar o suficiente para não ter medo. Tínhamos um grupo grande e nem me passava pela cabeça passar as férias de outro modo!
Agora continuo a gostar do mar, das ondas, do cheiro, de que sinto muito a falta, mas não gosto da água fria!!!! Aqui decididamente é um problema de idade a interferir com a cabeça! Continuo a nadar sempre que posso e sinto uma enorme libertação, um prazer que não penetra nas palavras. Sou feliz por ser avó e continuar a competir com os netos...ah! ah! por quanto tempo?

Estou no meio do campo, num local paradisíaco a trabalhar muito e a relembrar tudo o que esta casa representou e ainda representa. Agora não posso dizer nas nossas vidas, mas na minha. Deixaste-me sozinha com a enorme tarefa de manter os nossos sonhos bem vivos. Quem dera que pudesses ver como está tudo bonito e como consegui arranjar lugar para as minhas flores. Aqui tenho lugar para muitas mais! Tenho menos rosas, mas descobri muitas outras flores mais simples que também me surpreendem pela sua beleza! Tenho mais hidrangeas que ficam muito bem na aldeia, tenho azálias lindas e rododendros muito coloridos; margaridas de cores variadas e sobretudo muitas florinhas selvagens: amarelas, brancas e azuis tão pequeninas a cobrir o chão e a multiplicarem-se que impressiona. Todos os anos lhes tiro umas fotos para as recordar no ano seguinte, mas as pequeninas dão muito trabalho a fixar!

A natureza deslumbra-me continuamente! Até tenho umas plantas que curiosamente conheci em Itália nos anos 80 a fazer a vedação das autoestradas junto da costa do Adrático. Fiquei encantada pela quantidade e pelo colorido diversificado. Só mais tarde as vi por cá com o pomposo nome de "oleandros"! Tenho brancos, vermelhos, rosa e até amarelos! Estávamos os dois com os filhos quando deambulávamos por Itália. Estou certa que gostarias de ver por aqui os meus oleandros e admirarias a minha "paciência" para os fotografar. Já nessa altura eu carregava literalmente com uma Olympus boa que tínhamos trazido de Inglaterra e que  gozavas dizendo: "carrega, não foste tu que a quiseste comprar, não foste?"
Éramos felizes e quase não dávamos conta! A beleza da nossa relação estava nestes contrastes sem conflitos com tanto que tínhamos de comum! Depois gostavas muito das fotografias, aproveitando sempre para gozar o que eu fazia com os filhos!

Andamos anos até encontar  uma coisa no campo de que ambos gostássemos! Esse era o contrato! Encontramos uma casa que aparentemente não tinha nada de interessante, mas em contrapartida com uma paisagem de fazer perder o fôlego! Lá conseguimos com algum sacrifício comprar. Qual quê? Sacrifício veio depois ...













quinta-feira, 24 de maio de 2012

Coimbra tem mais encanto…

Há mais de 12 anos que não ia a Coimbra! As últimas idas não foram muito felizes…
Nessa altura, dei conta que um coração que eu amava muito estava a desmoronar demasiado depressa. Ambos tínhamos consciência da partida que nos ia pregar, mas continuamos a viver cada dia, como se o futuro fosse ainda melhor do que o passado.
Namorávamos em muitos fins-de-semana. Ainda fomos à Suécia em Janeiro para encerrar um projecto em que eu estava envolvida. Os meus amigos Europeus ficaram muito contentes com a sua presença. O seu riso espontâneo e fácil, foi estrela no último jantar do grupo. Nunca mais se encontraram com ele!

Fui a Coimbra há sensivelmente um mês e voltei agora, na semana passada, para ver de novo uma amiga muito querida que me recebeu com aquela amizade pura que só pode vir da infância. O dia estava lindo e sobretudo foi muito bonita a visão que me deu da cidade.
Mostrou-me novos arranjos urbanísticos que tornaram a cidade mais aberta mais moderna, mais verde. Vi velhos monumentos muito valorizados! O Convento de Santa Clara está muito bonito rodeado de relvados na proximidade do rio que agora parece muito maior.
Por outro lado a cidade antiga vista do outro lado do rio parecia mais pequena. A Torre da Universidade embora não tão alta como imaginava, continuava imponente.
Mostrou-me ruas, onde casas do início do século passado, se viam bonitas e muito bem cuidadas. Gostei muito de voltar a passar junto do Penedo da Saudade ou da Quinta das Lágrimas!

Mas afinal, até agora quase só falei de Coimbra, e a minha amiga que foi a grande responsável por momentos tão felizes?
Foi fantástica! Começou por me ir buscar ao comboio quando não esperava. Fiquei tão contente quando a vi por lá! Foi uma surpresa muito boa!
Nestes últimos meses, depois de muitos anos de ausência, sentimo-nos como se o tempo não tivesse passado por nós. Falamos com calor e entusiasmo da nossa vida presente e passada. Sentamo-nos numa esplanada junto ao rio onde íamos entre-cortando as nossas novidades com a observação divertida de um grupo de patos! Patos sim, não pombas como é habitual! Decidiam de vez em quando deixar a água e passear-se com o maior dos à vontades junto a quem ia comendo um gelado, ou bebendo um refresco no meio de risos! Às pombas já estamos todos habituados, mas patos para mim era uma nova experiência.
Continuamos o nosso passeio turístico pela cidade acabando depois de pôr em ordem todas as notícias acompanhadas de um saboroso e bem-vindo chá.

Regressei a casa feliz depois de uma viagem relaxada e bem sucedida de comboio a ouvir música de Coimbra no meu pequenino Mp3. 
Bem haja a Amizade!

domingo, 11 de março de 2012

"As Meninas do Liceu Carolina Michaelis" (1952-59)


Já passou algum tempo depois do último encontro que tivemos! Hoje estou ainda a "curtir" o fim de uma gripe inesperada e talvez por isso mesmo me venham à memória acontecimentos que me apetece relembrar.
Não me canso de pensar como nesta fase da minha vida estas amizades de infância me estão a dar outra dimensão!
Não é exagero, é o meu mais puro sentir!
Organizamos um novo almoço onde se juntaram 32 "meninas"! Já lá vão uns meses! 
Eu não estive no primeiro almoço porque devido à vida saltitante que levei as minhas amigas tiveram dificuldade em me localizar. Que bom conseguirem! O que eu teria perdido!!!
Gostei muito de toda a agitação criada por aquele encontro! Beijos, abraços, sorrisos, olhares admirados e uma alegria genuína por nos reconhecermos ao fim de tantos anos.
O dia estava lindo para nos acompanhar num ambiente encantador, no meio de uns jardins fabulosos. 
Foi uma tarde rica de velhas amizades reencontradas e de  lembranças das muitas histórias de um Liceu feminino onde o único homem que lá entrava era o jardineiro. Gargalhadas autênticas, sãs, lembranças das famílias e toda aquela azáfama de se querer contar o máximo possível, do passado e do presente. Perdemos a idade, só tínhamos sonhos e a alegria de estarmos de novo juntas!
Não me posso esquecer das lembranças das nossas professoras! Umas de quem gostamos muito, outras que quase nos aterrorizavam quando lentamente mexiam as folhas da caderneta para sermos chamadas! Como os nossos corações ficavam pequeninos, apertados, batendo desconpassados! Quando nos parecia que aqueles dedos folheando a caderneta já tinham passado o nosso número  respirávamos fundo, mas de repente as folhas voltavam atrás e o sofrimento regressava... Quantas vezes me perguntei se isto era um desejo mórbido de nos fazer sofrer ou conceitos exóticos de métodos de educação?!
Depois tudo se esquecia! Brincava-se nos recreios, jogava-se ao "Mata" e eu ainda tinha um prazer adicional por poder patinar com uns patins que naquele tempo tinham quatro rodas metálicas. Corria, fazia piruetas simples e esmurrava os joelhos algumas vezes! Ninguém usava proteções contra nada! Tudo fazia parte da vida e o futuro era uma palavra tão distante! Era algo que não nos preocupava como se ainda não fizesse parte do nosso horizonte.
O dia acabou sem traumas e sobretudo com uma alegria diferente da de outro qualquer dia de vivências sem história! Neste dia tínhamos acabado de escrever mais um dia de alegria na história das "meninas" do Carolinas da fornada de 52 a 59!!!

Felizmente também fui professora em diferentes graus de ensino e tenho a certeza que sempre tentei que nada tão deprimente acontecesse com os meus alunos!
Acho que sem pretender ser pura, tentei sempre fazer o melhor que podia para os fazer felizes.
Acima de tudo fui muito feliz com a profissão que escolhi! Passei por quase todos os níveis de ensino e já na última etapa achei que a minha principal preocupação se situava na área da formação de professores. Serei ingénua, mas ainda acredito que uma boa formação pode trazer inovação e mudança ao nosso sistema de ensino, ainda muito informado por práticas pouco adequadas aos tempos em que vivemos.




quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Hoje despedi-me de um amigo...

Ontem deixou de estar presente um daqueles amigos que ainda me chamava Zézinha!
Era muito especial! Na verdade era mais um membro da minha família. Crescemos na mesma rua...
Fiquei muito triste! De longe a longe trocávamos mensagens e enviava-me algumas poesias que escrevia.
Tínhamos uma amizade muito pura e terna daquelas que vem de meninos...
Falava-me dos livros que escrevia e do prazer que sentia em passar para o computador o que lhe ia na alma. Brincava comigo com aquela intimidade que só é possível na amizade!
Encontrávamo-nos nas festas de família onde me dava sempre uns abraços muito fortes, muito especiais, muito carinhosos!
Levei-lhe umas flores onde dizia o que realmente sinto: "Os meus olhos deixaram de te ver, mas não o coração!"
Viverás sempre na minha memória....

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O mundo que era nosso e agora é só meu…

Hesitei! Apetecia-me muito falar contigo. Sinto aquela calma suave e uma alegria triste no peito que me apetece correr por aí e falar de ti. Sinto amor que queima o meu corpo e a minha voz articulando uns sons à tua procura. Pena que nem sempre sinta assim! Também sinto o amargo da solidão, mas de repente sinto que renascemos, que fazemos parar o tempo, que o que conseguimos guardar em nós durante tanto tempo, não pode morrer.
Agora o meu corpo é amor, apenas as flores cheiram a saudade, mas a sua beleza, a sua cor, a luz que delas emana enche-me os olhos e a cabeça de beleza.
Às vezes perco a noção se é só comigo ou contigo que me deito. És a minha ternura, a minha alegria, a minha carência, a minha saudade. Parece que vivo por ti e através de ti com o teu carinho! Sinto o meu corpo cheirar à madrugada da aldeia que sonhamos, mas também cheira a distância e a desespero.
O mundo é nosso. Ouço poemas e olho para o céu, mas o meu amor está demasiado longe…muito longe! A distância é imensa e não consigo tocá-lo. Então a tristeza é tão forte que mal consigo sorrir. Nem um som, nem um gesto, é a dor de um amor sozinho. De repente o meu corpo é só deserto! O céu parece não ter ar, o azul desaparece e aquela angústia da solidão invade-me.
Imagino nos teus olhos as memórias do desejo, sinto-me rebolar nas areias das praias que não vejo sem ti. Sei que estou presa à ternura sem defesa que te dei. Na casa que agora é só minha, espero o teu corpo que tive e senti só meu!
Sinto lentamente aquela alegria desabrochar dentro de mim, como o sol a nascer na madrugada. Penso em ti e apetece-me dançar, sorrir, olhar as flores da janela do meu quarto. Que colorido está o jardim que com tanto carinho as minhas próprias mãos construíram! Cada planta, cada flor tem uma história que agora só eu sei. Como gostava de as partilhar contigo!
Visto-me colorida. Cubro o meu corpo com as cores do meu jardim, abro o meu peito, recebo-te e sorrio feliz! Penso em ti como se realmente existisses aqui ao meu lado, sinto os teus carinhos, as tuas mãos, os teus abraços e só me apetece olhar o céu, esse mesmo céu que nos cobria quando estávamos deitados sobre a relva selvagem e imaginávamos, como iríamos ser felizes nesta casa que eu tive de acabar sozinha!
Queria comunicar-te esta alegria, mas de repente olho em volta e tu não estás. Só a tua memória, a tua pele macia e as tuas loucuras de menino travesso! Uma vida, umas horas, uma eternidade que fazem bem a diferença! Isto nunca se pode esquecer! É vida, é amor, é ternura, é seiva, é planta, é flor, é o desabrochar do mundo para nos envolver.
Somos isto, somos dois num só, sem vaidades, sem surpresas, sem artifícios, só o teu riso forte e solto, a minha alegria e as nossas loucuras. Que a memória dos tempos não nos faça esquecer este privilégio único que é dado aos homens – AMAR,… mesmo que tu já não estejas mais aqui.
Vou presentear-te com parte de uma peça musical que apreciavas bastante...


“Há metafísica bastante em não pensar em nada.
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma e sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim, pensar nisso é fechar os olhos e não pensar.
Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

As amizades de adolescentes....

Há muito que não tinha momentos de alegria tão genuína, tão autêntica como vivi hoje!

Encontrei-me com três amigas do Liceu que não via há algumas dezenas de anos...
Que modo de escrever! Dezenas de anos parecem uma eternidade, mas não foi!

Adoro estes encontros com sabor a mistério! Estaríamos muito diferentes? Restavam alguns traços daquelas meninas de batas de popeline cinza claro com os sete botõezinhos brancos no cinto para indicar que aquele era o nosso último ano daquela adolescência feliz?
Teríamos ainda os traços fundamentais de feições e de carácter que tínhamos guardado na memória?  O que iríamos sentir ao ver a realidade?
As palavras nestes momentos dizem muito pouco! Não estávamos assim tão diferentes e sobretudo quando nos abraçamos com aquela força que só a juventude é capaz, sentimo-nos recuar no tempo. Não, sobre nós a lei da gravidade não tinha actuado!!!
Tínhamos mais alguns quilos, não muitos! Até achamos que estávamos mais jeitosas, mais maduras, mais interessantes intelectualmente e com a mesma capacidade de rir das nossas próprias experiências de vida.
Afinal os sentimentos puros que nos uniram outrora estavam lá intactos, pareciam mesmo mais fortes pela alegria do reencontro.
Um bom almoço a ver aquele lindo mar da Foz e o riso sempre presente nas nossas conversas! Que bom sentirmos uma amizade tão forte apesar do tempo que tinha passado desde as nossas memórias distantes!
Não tínhamos idade, apenas um carinho e aquela alegria imensa de nos voltarmos a abraçar!
Cada uma seguiu o seu caminho, mas parecíamos realizadas e felizes por estarmos ali juntas e saudáveis.

Durante a tarde vimos mais uma quantidade de fotografias do tempo do Liceu e recordamos as professoras presentes e as influências que exerceram em cada uma de nós.
Que escola tão diferente das de hoje! Uma casa só feminina, ou antes havia um homem, o Sr. Manuel jardineiro!!!
Os rapazes do liceu masculino nem sequer podiam aproximar-se do passeio "feminino", mas sobrevivíamos arranjando sempre novos truques para iludir a vigilância apertada em que vivíamos!

Olhando para o tempo em conjunto, não guardo memórias tristes, mas concordo que a sobrevivência era difícil.
Não me lembro das flores que havia nos pequenos jardins interiores, mas vou imaginar as flores que a minha memória perdeu deixando aqui algumas. São sempre uma alegria para os olhos e para o coração. Aqui simbolizam os abraços muito apertados que nos encheram a alma de uma alegria com muita cor e muita beleza que só se pode sentir, não descrever!

Até sempre queridas amigas! Agora não nos perderemos mais de vista...